sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Visita de estudo, 23-02-2012

8h45: Saída da escola
9h30: Chegada ao Marco de Canaveses (cidade Romana de Tongóbriga - Freixo)


Almoço no Marco


14h00: Visita ao Convento de Ancede, Capela do Sr. Do Bom Despacho e Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho
17h00: Regresso ao Concelho, visitando o Museu Municipal

No dia 23 de fevereiro de 2012 nós, alunos do 12º PA participamos numa visita de estudo proporcionado pela professora Branca Santos referente ao domínio de Área de Integração.
A visita começou por visitarmos a cidade Romana de Tongóbriga, situada na freguesia do Freixo, concelho de Marco de Canaveses. De seguida, visitamos a Fundação Eça de Queiroz em Santa Cruz do Douro, concelho de Baião. Por fim, visitamos o Mosteiro Santo André de Ancede. Estvaa previsto também visitarmos o Museu Municipal, mas não foi possível. 




Cidade Romana de Tongobriga

Esta cidade Romana está classificada como Monumento Nacional desde 1986.
Situada no limite do território dos Callaeci Bracari, a cidade galaico-romana de Tongóbriga revela uma etimologia céltica composta pelos elementos tong-(jurar) e -briga (povoado fortificado). Em 1882, na borda de um poço da aldeia do Freixo, foi recolhido um bloco granítico paralelepipédico, onde se lê:
[G]ENIO/[T]ONCOBR/[I]CENSIV[M]/[FL]AVIUS/V(otum). S(olvit).A(nimo).L(ibens).M(erito)
Das interpretações apontadas por diversos autores, optou-se pelo nome Tongobriga e identificamos esta cidade com o actual lugar de Freixo, onde as evidências arqueológicas confirmam a propriedade da inscrição encontrada em 1882.
Tongobriga começou a ser escavada, em Agosto de 1980, num sítio chamado "capela dos mouros“, designação dada pela população local à pequena parte então visível das ruínas romanas.
A estrutura castrejo-romana criada em Tongobriga, possivelmente pelo imperador Augusto, amadureceu política, administrativa e economicamente, resultando daí a instalação de uma cidade. A escavação permite dizer que no final do séc. I, início do séc. II, Tongobriga surge como civitas, com preponderância sobre a região envolvente.
A construção das termas no final do séc. I, do forum na 1ª metade do séc.II e demais edifícios públicos identificados, corresponde ao objectivo de dotar este centro urbano de equipamentos colectivos que, pela sua monumentalidade e riqueza arquitectónica, impusessem Tongobriga como centro de atracção e decisão. Junto ao forum estavam as termas públicas, construídas em Tongobriga no final do séc.I e posteriormente remodeladas. 



Aldeia
Na antiguidade tardia, Tongobriga foi certamente afectada pelas perturbações que, então, se fizeram sentir no Império. A vida cívica, comercial e cultural de que esta cidade era o lugar central, foi diminuindo. Como em muitos outros locais do Império dão-se transformações, não só na paisagem urbana, mas principalmente no papel e nas funções da urbe, tanto mais que o centro da povoação terá deixado de ser o forum, transferindo-se para o seio da zona habitacional, provavelmente para junto de uma igreja então ali construída. Tongobriga foi sede de paróquia sueva.
Desde então, a documentação é escassa e nela não se encontra o topónimo Tongobriga. Em época medieval já o topónimo " freixo " aparece em alguma documentação. Deste período só se conhecem as sepulturas cavadas nos afloramentos graníticos que envolvem a actual igreja, sob a qual está a basílica paleo-cristã.
Ao longo dos séculos, espólios e pedras dos edifícios de Tongobriga seguiram outros destinos e outros aproveitamentos. As casas, o oratório cristão e os muros acolheram a pedra retirada das ruínas romanas. Mas ainda em 1786 se faziam aqui feiras periódicas, salientando-se a da Quaresma, na qual preponderavam os " judeus de Bragança ". Esta memória é ainda mantida pelos sinais das arruinadas lojas da Rua dos Judeus, no centro da aldeia.











Área Habitacional
Em Tongobriga, a área habitacional descoberta é ainda reduzida, embora seja muita a identificada através de fotografia aérea e prospecção.
Escavou-se já um bairro, com as suas ruas e casas. Todas estas apresentam vários compartimentos de pequenas e médias dimensões. 
No bairro descoberto salientam-se uma casa, de dois pisos, sendo um deles a cave - é possível observarem-se os degraus que davam acesso da cave da casa à rua - e a rua sob a qual existiam esgotos. Outras casas, duas das quais recentemente escavadas, possuem impluvium em perfeito estado de conservação.
Há também casas, datadas de meados do séc. II, construídas sobre espaços em que existiam casas de planta circular do séc.I. Destas só restam os alicerces, pois foram desmontadas aquando da nova construção. 
Realce para o cuidado que foi posto pelos construtores nos sistemas de drenagem das águas pluviais, quer nas mais antigas do Séc.I, quer nas do Séc. II, estas já edificadas segundo um plano onde predomina a ortogonalidade. 
Nesta cidade viveriam 2.500 a 3.000 habitantes.












Termas
No tempo do Imperador Augusto foi construído um balneário, totalmente esculpido no afloramento granítico, conhecido por Pedra Formosa, o qual possui a arquitectura própria dos existentes nos povoados castrejos. 
No final do século I, este balneário é desactivado. A seu lado, erguem-se as primeiras termas romanas, construídas de acordo com um projecto clássico, semelhante aos de Pompeia ou Conimbriga. Estas possuíam apodyterium e uma sucessão de salas que levavam as pessoas a passar por ambientes cada vez mais quentes: primeiro ofrigidarium, com uma pequena piscina para banhos de água fria, depois o tepidarium, para adaptação ao ambiente quente e húmido do caldarium. 
À sauna, poderiam seguir-se as massagens no unctorium. 
As termas de Tongobriga tinham ainda um jardim exterior, a palaestra, e uma piscina de ar livre, a natatio.






Forum
Em Tongobriga, o forum salientava-se pelas suas dimensões (9.521m2), englobando os espaços comerciais e religiosos. A sua construção iniciou-se no alvor do séc.II d.C., no tempo do imperador Trajano.
A ampla praça tinha no lado Sul uma plataforma, mais alta, onde estavam as lojas protegidas pelo telhado de duas águas que cobria todo esse lado do forum. Este telhado era suportado por uma colunata em granito, com espaçamento de 4,4 metros. Desta colunata, ainda é possível ver as sapatas dos alicerces.
No lado Norte, uma rua com 7 metros de largura limitava a praça, onde se destacavam duas absides. Esta rua terminava numa escadaria do lado Nascente. No lado Poente situava-se o Templo, do qual só se recuperaram o alicerce e algumas pedras dopodium. 
No lado Nascente, o forum era limitado por um edifício cuja função é ainda duvidosa, tal o estado de ruína em que foi encontrado. Poderá ser a basilica, a qual, neste caso, ligaria ao forum através de uma larga abertura com 4,4 metros situada na linha de simetria da praça.










Aqui vos deixo um vídeo para que possam perceber melhor o que esta Cidade Romana




Aqui ficamdois vídeos de uma Feira Romana realizada em Tongobriga










Fundação Eça de Queiroz



A Fundação Eça de Queiroz é uma instituição de utilidade pública administrativa, sem fins lucrativos, que tem como cais de partida a divulgação e promoção nacional e internacional da obra do maior nome do romance português. Estatutariamente a Fundação é composta por um Conselho de Administração, um Conselho Fiscal, um Conselho Cultural e um Conselho de Co-Fundadores.
Os fins da Fundação Eça de Queiroz são culturais, educativos e artísticos e de promoção do desenvolvimento social.


Como nasceu
'Desde que, em 1970, o último filho de Eça de Queiroz, Maria Eça de Queiroz de Castro faleceu, os seus herdeiros, eu própria, Maria da Graça Salema de Castro, e o meu marido, Manuel Pedro Benedito de Castro, entretanto falecido, iniciámos o processo com vista à constituição da FUNDAÇÃO EÇA DE QUEIROZ. Pertencendo-nos 2/3 dos bens deixados por Eça de Queiroz, para além da Quinta e Casa de Vila Nova em Santa Cruz do Douro (TORMES), pensámos doar estes bens a uma fundação a instituir em vida, a qual teria, como principais objectivos, a continuação e o enquadramento institucional da divulgação e do estudo da obra de Eça de Queiroz, bem como o desenvolvimento de toda uma gama de iniciativas culturais, tanto de âmbito nacional, ou internacional, como de incidência mais estritamente regional. (...)'
Maria da Graça Salema de Castro

... e assim começou a História da Fundação Eça de Queiroz. 

A Associação de Amigos de Eça de Queiroz, constituída por escritura pública em 23 de Julho de 1988, instituição que congrega pessoas e vontades que têm no legado cultural de Eça de Queiroz uma referência comum, orientou-se no sentido de fomentar o aparecimento e consolidação dessa outra instituição, a Fundação Eça de Queiroz, a quem caberá desempenhar um relevante papel na salvaguarda da memória cultural de Eça de Queiroz através de iniciativas diversificadas. Em 9 de Setembro de 1990, por iniciativa de Maria da Graça Almeida Salema de Castro - actual presidente vitalícia - e Sociedade Anónima "João Pires, S.A.", cria-se a Fundação Eça de Queiroz com um património avaliado, em estimativa de 1989, em cerca de 933.000 euros. 

Esse património, constituído pela Casa e Quinta de Vila Nova foi objecto de intervenções arquitectónicas que numa primeira fase orçaram em cerca de 324.000 euros e que foram comparticipadas pelo I Quadro Comunitário de Apoio, em 70%, pelo PRORN. Numa segunda fase, com início em 1994 e que terminou em 1999, realizaram-se obras no valor global de 749.000 euros, montante esse comparticipado em 75% pelo II Quadro Comunitário de Apoio. Com as transformações arquitectónicas realizadas na Casa Mãe criou-se um espaço museológico, uma biblioteca, um arquivo, um mini-auditório e um espaço para serviços administrativos; Realizaram-se transformações arquitectónicas em três casas de antigos caseiros, destinadas a turismo rural. 

Recuperada a eira e beiral, construído um parque de estacionamento, remodelado o estradão, os Arranjos Exteriores em que se salientam o ajardinamento dos espaços e o estabelecimento da rede de rega. Foram feitos investimentos agrícolas - implantação de 4,5 hectares vinha nova, construída e equipada a adega, reestruturação da parte restante da vinha velha e aquisição de novos equipamentos, sendo estes projectos financiados pelo IFADAP. Entretanto, em colaboração com o Instituto Português dos Museus, o Arquivo Distrital do Porto, o Instituto Português da Fotografia, o Museu Soares dos Reis e o Instituto José de Figueiredo, fez-se o tratamento museológico do espólio do escritor. Já recentemente realizou-se a recuperação do espaço do antigo lagar de azeite, onde foi instalado o museu do azeite e uma sala polivalente para o serviço de almoços queirosianos a grupos.



O Arroz de Favas como Eça gostava
O Arroz de Favas

EMENTA 1 - ARROZ DE FAVAS


Caldo de Galinha com Fígado e Moela

Desconfiado (Jacinto), provou o caldo que era de galinha e rescendia. Provou – e levantou para mim, seu camarada de miséria, uns olhos que brilhavam, surpreendidos [...].
E sorriu, com espanto: – Está bom!”
Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes, fervorosamente, ataquei aquele caldo.

                                                     A Cidade e as Serras 



Arroz de Favas

E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas! ... Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado:
– óptimo!... Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!


A Cidade e as Serras


Creme Queimado

À mesa onde os pudins, as travessas de doce [...].
– Como gostar! Mas é que delira! ... Pudera! Tanto tempo em Paris, privado dos pitéus lusitanos...


A Cidade e as Serras


Mesa onde Eça comeu o seu Arroz de Favas






Mosteiro Sto. André de Ancede


As origens do Mosteiro de Santo André de Ancede remontam ao século XII, e a mais antiga referência conhecida, de 1120, é respeitante à sua ligação aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Durante vários séculos este mosteiro deteve um considerável património fundiário ligado à produção vinícola, que lhe permitiu beneficiar de grande poder económico. Todavia, em meados do século XVI, pouco restava já dessa época áurea e o mosteiro entrou num período de decadência, com as dependências degradadas e um número muito reduzido de religiosos. Em 1560 passou a depender de São Domingos de Lisboa e, a partir de então, foram executadas várias campanhas de obras com o objectivo de recuperar o conjunto arquitectónico.

A igreja foi reedificada, desenvolvendo-se, então, em três naves separadas por arcaria de volta perfeita, com tecto de madeira. Um amplo arco triunfal, com dois altares colaterais, articula este espaço com o da capela-mor, onde ganha especial importância o retábulo-mor, em talha dourada com tribuna de grandes dimensões. Contemporâneos deste retábulo, de estilo nacional, são certamente as sanefas que se encontram sobre as janelas e o arco triunfal.

A fachada principal, em cantaria, que corresponde à lateral da nave, apresenta portal de verga recta encimado por nicho de frontão triangular. A capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, ao lado, foi erguida em 1731, e exibe, no portal datado de 1735, o brasão dos dominicanos. De linguagem rococó, apresenta, no seu interior, altar-mor e seis laterais, com representações de cenas da vida de Cristo.

Com a Extinção das Ordens Religiosas o mosteiro foi vendido em hasta pública, ficando na posse do Visconde de Vilarinho de São Romão. A capela e a igreja passaram, em 1932, para a paróquia de Ancede. Actualmente, e desde 1985, o mosteiro é pertença da Câmara Municipal de Baião.


Entrada para o mosteiro































Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho

O convento de Santo André beneficiou da atribuição de couto a D. Afonso Henriques, em 1145. A aposta na produção de vinho desde a Idade Média, permitiu a sua entrada nos circuitos comerciais da cidade do Porto, negociando não só com a urbe, como também com cidades estrangeiras. No séc. XV está documentada a existência de uma Nau que transportava o vinho para a Flandres e para a Andaluzia. Em 1560, o Convento de Santo André de Ancede foi anexado ao Convento de S. Domingos de Lisboa, tendo a Ordem dado continuidade à produção e à comercialização do vinho.

 

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